Monday, February 25, 2013

Banho de chuva.

Desceu do ônibus e pisou numa poça. Amaldiçoou. Tirou os fones de ouvido para prestar maior atenção ao trânsito e atravessar com segurança, uma mania relativamente chata que adquirira graças a uma notícia trágica passada na televisão.
Chovia.
Forte.
Esquecera do guarda-chuva.
Já estava encharcada.
Ao menos estava chegando em casa.
Atravessou a avenida movimentada e adentrou na rua em que morava. Colocou os fones de volta nos ouvidos e colocou uma música saltitante, como a própria gosta de chamar. Perifericamente, notou que apenas ela preenchia a rua. A vizinhança havia se recolhido e nem ao menos carros passavam pela via asfaltada.
Mordiscou o lábio conforme uma ideia um tanto travessa lhe atravessava os pensamentos. Checou se alguma viva alma caminhava atrás dela... Ninguém. Aumentou o volume da música. Sorriu como uma criança que está prestes a fazer algo proibido pela mãe.
Parou de andar, elevou a cabeça em direção ao céu e apenas sentiu a chuva tocar seu rosto como dedos invisíveis a massagear suas pálpebras fechadas. Abriu os olhos e respirou fundo. Sentiu o cheirinho único da chuva. Mediu a distância que a separava de sua casa e correu, saltitou, escorregou e quase caiu.
Gargalhou.
Há quanto tempo não gargalhava daquela maneira? Livre... Sem motivos reais? Apenas gargalhar por gargalhar? Não se lembrava.
Chegou em casa rindo, molhou as lajotas rindo, brincou com os cachorros rindo, trocou de roupa rindo.
Terminou o dia rindo.


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