Saturday, February 16, 2013

Uma dança...

A moça sorriu ao avistá-lo no meio da pequena multidão que se juntara ao redor da banda e das várias pessoas que dançavam ao som da música batida. Alguns haviam retirado os calçados para "sentir melhor a melodia", segundo eles próprios.
Ela não costumava dançar na frente de estranhos. Na verdade, ela não costumava dançar na frente de pessoa alguma, mas faria uma exceção para aquele moço. Suspirou, estava nervosa apenas de pensar que todas aquelas pessoas a veriam, a assistiriam. Ele, principalmente. Estalou a língua, frustrada. Soltou uma ou duas maldições sussurradas, para que ninguém as escutasse, e deu um passo hesitante em direção ao centro da roda. Sorriu mais uma vez de sua própria covardia e resolveu soltar os longos cabelos negros, mais para ganhar tempo que por vontade. Fechou os olhos por um instante, sentindo o calor do sol, já se pondo, em suas maçãs do rosto e a carícia de seus cabelos em seus braços. 
Poderia estar louca, mas não dançaria para alguém. Nem mesmo para o seu moço. Dançaria para ela. Sim, aquela dança seria um símbolo, um marco. Não deixaria que sua covardia a comandasse novamente. Jamais. Sendo assim, juntou um pedaço de sua saia rodada em cada punho, sorriu decidida e adentrou na confusão de pessoas dançando sem um parceiro realmente determinado. 
O chão, molhado pela chuva diária da região, abafava os passos ritmados das pessoas. Risos se escutavam e a platéia improvisada começou a bater palma para os dançarinos amadores. 
Nossa morena chamou tanta atenção como as outras moças que ali se encontravam. Dançou com tanto gosto como qualquer outro. Rodou sua saia com tanta maestria quanto as outras. Sorriu tão belamente como nenhuma outra.
O moço, para quem a dança foi primeiramente endereçada, acabou por notá-la como a mais bela daquela roda de dança. A morena, entretanto, estava mais ocupada desfrutando de sua liberdade que nem percebeu a atenção antes tão desejada.


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