Wednesday, January 29, 2014

Sintomas de ansiedade



É sempre assim.
Primeiro o sorriso estampado no rosto em momentos solitários quando a lembrança do que está por vir vem à superfície da mente. O segundo sintoma é o suspiro solto por dentre os lábios ao constatar que ainda falta tempo para aquilo acontecer - não importando se for anos ou apenas mais alguns minutos. Logo, a mordiscada nervosa no lábio inferior em uma tentativa de não retornar ao primeiro sintoma já listado. Dependendo da conduta, realística ou sentimental, da pessoa, o próximo varia entre uma repetição dos sintomas ou uma reprimenda interna por ser tão boba. 
Finalmente, leitor, fecha os olhos e escuta o batimento errático do nosso bom e velho coração. Conforme aquele som enche os ouvidos e toma conta de todos os pensamentos, você consegue se acalmar e percebe a ritmicidade voltar ao normal. E você dorme. E sonha. Sonha que aquilo que tanto deseja finalmente, finalmente, leitor, chegou o momento de acontecer e, enquanto repousa inofensivamente, sorri por pura felicidade.
Isso é ansiedade, leitor. E o único remédio conhecido, natural, é claro, é alcançar o objeto de seu desejo.
Ou o alguém.

Thursday, January 02, 2014

Meu foco mudou de musa, leitor.

Abro o caderno, a página está em branco e cheia de possibilidades. Vários assuntos pipocam em minha cabeça. Alguns sendo polêmicos e o restante nem tanto. Opiniões divergentes mesmo sendo todas minhas. Poucas conclusões, mas nenhuma palavra escrita. Só a sensação de segurar o lápis, posicionar a borracha em algum lugar próximo e apoiar o caderno no ângulo correto já traz certa satisfação. Há quanto tempo não produzo algo próprio com minhas palavras? Oh, faz tempo. Tanto já aconteceu. Tanto já senti. E em menos de um ano.
A bem da verdade, eu, de certa forma, mudei. Releio meus parágrafos que um dia escrevi e vejo o quão racional eu era. Enxergava o mundo de forma simples e direta. Não havia nada por debaixo dos panos. Hoje, eu sinto como se possuísse um segredo só meu. Não só meu, eu o divido com uma pessoa e uma pessoa apenas.
Quanto ao papel em branco, vejo ele se encher de devaneios sem ligações entre si. Eu só sinto vontade de escrever sobre sentimentos. Oh, leitor, eu estou enfrentando uma crise de identidade interna, um furacão que apenas eu consigo ver. Meu foco trocou de musa, leitor. E não me sinto culpada por isso. Nem um pouco.