Monday, July 14, 2014

Sou a página em branco, leitor.

Dessa vez, leitor, não quero lápis nem papel. Abro o Word e encaro a página em branco que se projeta a minha frente. Estou triste, leitor. Não, minto, sou triste, leitor. Tristeza tamanha que chego a me identificar com a página em branco. Afinal, o que eu sou? Nada. Sou uma atriz, é isso que sou. Sou extrema e completamente triste por dentro a ponto de sentir meu peito pesar e ansiar por lágrimas que não podem cair na frente de outrem. Não, não posso chorar na frente de ninguém, pois então este saberá quem sou. Não. Sorrio, brinco, gracejo, formo uma personalidade que por vezes chego a acreditar que é a minha. Então eu apago a luz do meu quarto no momento que escolho para dormir e eu sinto quem sou eu.
Eu sou só.
Voltando à página em branco, leitor, começo a formata-la e, mais uma vez, me sinto uma página em branco sendo moldada pelo que a sociedade espera de mim. Boa parte desta formatação é culpa minha e eu sei. Sou orgulhosa o suficiente para não querer que ninguém saiba como sou, como me sinto. Minhas fraquezas são minhas e de mais ninguém.

E por causa disso tudo e mais outras coisas, leitor, sou extremamente só.



Sunday, July 06, 2014

O que é o amor? (Camões ou Romeu?)

Outro dia eu vi um vídeo onde alguém perguntava para outro alguém o que era o amor. Como esperado, alguns longos segundos de silêncio se seguiram antes da resposta ser vocalizada para a câmera. Foi uma resposta bonita de se ouvir, mas daquelas que não se internaliza o suficiente para lembrares das exatas palavras ou mesmo da mensagem que continha.
O ponto é: eu fiquei pensando sobre o assunto. O que é o amor, leitor? É o fogo que arde sem se ver, de Camões, ou a mais discreta das loucuras, de Romeu?
Em minha humilde opinião, ambas afirmações estão misturadas dentro daquele que ama o amor de paixão. É, estou falando do amor entre dois seres que seriam totalmente estranhos um para o outro caso não fosse o sentimento mútuo. Pois ele tem que ser mútuo para ser concreto, ou estaríamos falando do amor de Platão.
Voltemos à mistura. Quando se ama alguém, por mais puro que o sentimento seja e por mais inocente que os envolvidos sejam, há o fogo. Aquele fogo carnal que é natural, é instinto, e besta é aquele que nega sua existência ou condena sua prática. Oh, há também aquele fogo excitado, aquele que quer estar junto com seu ateador a todo momento, aquela necessidade de toque, mesmo que seja apenas para retirar uma mexa de cabelo da frente daqueles lindos olhos. Ah, que olhos. Também há um fogaréu neles. Calado, silencioso, cauteloso... Mudo. E por si só perigoso.
E quanto à loucura? Para ser sincero, leitor, vim escrever tal postagem apenas para falar sobre a loucura, mas qual não é o assunto tão complexo e extenso por essência. A loucura, pois então, é justamente essa. É não saber o que se gosta mais sobre a outra pessoa e pensar, por meros momentos, que não há eleito predileto quando, quão irônico, o predileto é justamente aquele que possui todas as coisas. A pessoa amada, leitor. A que lhe deixa sem foco de atenção e, ao mesmo tempo, com apenas uma direção para se olhar.
O princípio da loucura, leitor, acontece quando se sabe todas as qualidades da outra pessoa e as adora. É por elas que se atrai e o coração decide enganchar-se. O estágio intermediário é quando os defeitos da outra pessoa são conhecidos e, inclusive, sabe-se o que fazer para evita-los e/ou atiça-los. É esse o ponto que se decide. Tanto, que é provavelmente o período de término da maioria das relações amorosas mundo afora. É amor quando a pessoa decide dar o próximo passo e declarar-se louca e mais nada. É quando sabe os defeitos e qualidades e o conceito sobre a pessoa não muda, não decai. Isso é amor.