Monday, November 17, 2014

Meu segundo.




Sempre me considerei como alguém bem racional e chegava a julgar pessoas sentimentais demais, que tomavam suas decisões em nome de sentimentos que eu não compreendia, os quais, talvez por não conhecê-los, não valorizava tanto assim. Afinal, na tua vida, deves ser o primeiro da lista e nunca, em hipótese alguma, deixar alguém emparelhar contigo nesse lugar de destaque. Hoje, entretanto, eu consigo entender. Compreender, de verdade, pessoas que se deixam como segundo plano em nome de seu/sua amado/a. Algumas escolhas que já fiz foram feitas em nome dele. A maior de todas ainda está por vir e, quando ela chegar, vai mudar minha vida completamente e em todos os sentidos. Eu estou pronta para tomá-la, porém não deixo de me sentir um tanto hipócrita. Preconceituosa até. Um dia eu julgo a pessoa que faz isso e, no outro, cá estou eu, fazendo exatamente a mesma coisa. Talvez em uma escala um pouco maior até.
O problema, leitor, que não é porque eu o amo que meu julgamento foi embaçado ou cegado. Ela só... mudou. Talvez para melhor. Antes eu não tinha noção por nunca ter-me permitido sentir algo assim e, agora que sei e sinto isso tudo, posso pensar com mais clareza, com mais certeza da minha escolha.
Não sei se me entendes, leitor, mas não é porque estou amando que virei cabeça oca. O amo. Mas eu ainda estou no primeiro lugar e ele no segundo. Meu segundo mais querido e acarinhado, mas ainda assim o segundo. 

Saturday, November 15, 2014

A página e o lápis.


Lembra que eu era uma página em branco, leitor? Esperava por um bom e afiado lápis me encontrar e escrever em mim tudo o que quisesse. Transmitir os pensamentos ou contas matemáticas apenas para que me preenchesse. Quão boba eu fui. Nunca pensei ou parei para imaginar a possibilidade de que esse sentimento de completude fosse ser tão arrasador e, ao mesmo tempo, sereno como uma brisa das cinco da tarde.
Ele chegou como um rabisco suave que está ali apenas por estar e, quando percebi, já estava todo sobre mim. Nos cantos e nas bordas. Do cabeçalho ao rodapé. Já não havia espaço para mais nada além dos seus desenhos abstratos em minha página. Desenhos, sim, pois tudo sob os olhos da paixão torna-se belo, e abstratos por ele ser esta pessoa tão diferente de mim que custou-me a entende-lo. E, mesmo hoje, não tenho tanta certeza de o ter desvendado por completo e isso, ao invés de afugentar-me, apenas me impulsiona mais para saber cada segredo e cada mania dele.
Já não sou uma página em branco, leitor. Nem ele é um lápis errante à procura de um repouso tampouco. Talvez um dia tenhamos borrachinhas e apontadorezinhos, quem sabe.