Todas as vezes que te vejo tenho uma
vontade quase insuportável de esticar o braço e afagar teus cabelos com a ponta
dos dedos. Com as mesmas pontas de dedos, descer pela linha de tua testa e
descansar nas tuas maçãs de rosto enquanto encaro aqueles teus olhos que são os
únicos que me fazem sentir como uma menina encabulada e uma mulher valorizada
ao mesmo tempo.
Tenho vontade de inclinar minha
cabeça, não para beijar-te, não ainda, mas para esfregar a ponta do meu nariz
contra o teu e rir da infantilidade do gesto. Sentir teu cheiro que, eu sei,
vou esquecer dentro dos dois primeiros meses que estiveres longe de mim.
Tenho vontade de aconchegar meu
rosto no vão do teu pescoço e arranhar minhas bochechas com tua barba por
fazer. Sentir teus braços me enlaçarem em um aconchego quase que automático e
me sentir a pessoa mais bem protegida do mundo inteiro.
Mas não posso fazer isso, não é?
Não enquanto ainda estás tão longe de mim que o máximo que posso fazer é
relembrar de todos os momentos que eu fiz tudo isso. E me lembrar que eu
realmente fiz tudo isso. Não foi um
sonho.